RunningDogAloneO ex-senador dos EUA, George Graham Vest (1830-1904), foi um dos principais debatedores do seu tempo, e ofereceu este discurso sobre a grandeza do cão quando ele ainda estava cursando Direito em uma pequena cidade do Missouri. No tribunal, ele representava um fazendeiro local que havia processado o vizinho por ter matado seu cão Old Drum a tiros. Desconfiado de que o animal andava matando suas ovelhas, o vizinho deu ordens para que atirassem no cão caso este voltasse a aparecer em suas terras. Quando Old Drum foi encontrado morto perto de casa, seu proprietário resolveu processá-lo, pedindo uma indenização de 50 dólares. O júri lhe concedeu 25 dólares, mas o vizinho apelou da sentença. O fazendeiro, então, conseguiu um novo julgamento e contratou dois advogados, um deles George Vest, que, com seu discurso, arrancou lágrimas dos jurados e cunhou a célebre frase “o cão é o melhor amigo do homem”.

No ano 2000, o fato originou o filme The Trial of Old Drum (Meu Amigo Drum).

“Senhores jurados, o melhor amigo que um homem tem neste mundo pode voltar-se contra ele e tornar-se seu inimigo. O filho ou filha que ele educou com amor e cuidado podem responder com ingratidão. Aqueles que estão mais próximos e são mais amados por nós — aqueles a quem confiamos nossa felicidade e nosso bom nome — podem tornar-se traidores desta confiança.

O dinheiro que um homem tem, pode perder-se. Fugir dele, talvez quando ele mais precise. A reputação de um homem pode ser sacrificada no momento de uma ação impensada. As pessoas que se apressam a ajoelhar a nossos pés quando o sucesso está conosco, podem ser as primeiras a jogarem a pedra da malícia quando o fracasso paira sobre nossas cabeças.

O único amigo desinteressado que um homem pode ter neste mundo egoísta — aquele que nunca é ingrato ou traiçoeiro — é seu cão. O cão permanece com seu dono na prosperidade e na pobreza, na saúde e na doença. Ele dormirá no chão frio, onde os ventos invernais sopram e a neve se lança impetuosamente, se apenas o deixarem estar ao lado de seu dono.

Ele beijará a mão que não tem alimento a oferecer, ele lamberá as feridas e as dores que aparecem nos encontros com a violência do mundo. Ele guarda o sono de seu dono miserável como se este fosse um príncipe. Quando todos os amigos o abandonarem, ele permanecerá. Quando a riqueza desaparece e a reputação se despedaça, ele é constante em seu amor, como o sol em sua jornada através dos céus.

Se a fortuna arrasta o dono para o exílio, sem amigos e sem abrigo, o cão fiel não pede mais do que o privilégio de acompanhá-lo, a fim de protegê-lo contra o perigo e lutar contra seus inimigos.

E quando a cena final se apresenta e a morte leva o dono em seus braços e seu corpo é deixado no chão frio, não importa que todos os amigos sigam seu caminho. Lá, ao lado de sua sepultura, se encontrará o nobre cão, a cabeça entre suas patas, os olhos tristes,mas alertas em atenta observação. Fiel e verdadeiro até a morte.”